Guarujá de Antigamente...
sábado, 11 de janeiro de 2014
A "casa na pedra" na Praia de Astúrias
Desde que comecei a frequentar o Guarujá, antes minha família ficava
hospedada na Praia da Enseada, ainda assim, uma das grandes diversões era
caminhar por toda a praia de Pitangueiras e ir até a Praia de Astúrias, que
logo pela manhã ou final do dia quando a maré está baixa, é possível caminhar
pelo mar.
Ao lado do Edifício Sobre as Ondas, encravada entre as pedras no morro
que separa as praias de Pitangueiras e Astúrias, totalmente integrada à
paisagem, estava a “casa na pedra”, que sempre mexeu com minha imaginação. Quem
mora lá? De quem é? Como foi construída?
O tempo passa e ela continua lá, com o charme de sempre, com toda sua elegância, colada ao mar.
A casa tem uma espécie de anexo todo envidraçado, com alguns sofás brancos e eu me imaginava ali, sentada, olhando o mar...
Fui pesquisar
um pouco mais para conhecer sua história...
Achei algumas
fotos do interior da casa (que matam parte da minha curiosidade... e perceber
como as rochas são integradas ao interior da casa) no site:
A construção da casa
A Casa da
Pedra, entre as praias Astúrias e Pitangueiras, foi projetada em 1952 pelo
arquiteto ucraniano radicado no Brasil Gregori Warchavick.
Gregori
Warchavchik (1896-1971), veio para o Brasil em 1923 e tinha um escritório de
arquitetura onde foram revelados alguns talentos como Oscar Niemeyer, Vilanova
Artigas, Charles Bosworth e também Henrique Cristofani (ou Verona, como gostava
de ser chamado).
Como o
arquiteto que havia contratado para construir o Edifício Sobre as Ondas, Jayme
Fonseca Rodrigues, acabou falecendo, seu construtor (Roberto Braga) contratou o
escritório de Warchavchik para projetar uma casa debruçada acima do mar.
Verona, que trabalhava no escritório, foi incumbido de projetar a casa que
parece estar dentro do mar, brotando entre as rochas que dividem as praias de
Astúrias e Pitangueiras.
Mazzaropi no Guarujá
A Casa da
Pedra foi cenário do filme “O Puritano da Rua Augusta”, produzido e estrelado
por Mazzaropi (Cia Cinematográfica Vera Cruz, 1965).
Este filme é muito é muito bom e Mazzoropi está impagável como ser Pundoroso!
Seu personagem, sr, Pundoroso, uma empresário paulista extremamente conservador, vai com os filhos até o Guarujá e dá ordem para suas filhas vistam antiquíssimos maiôs. As filmagem acontecem exatamente em frente à “casa na pedra”.
Hoje ela está rodeada de grandes prédios, o que altera a topografia, mas não tira o seu charme e o toque vanguardista. Ela ainda mexe com minha imaginação e com a vontade passar uma tarde sentada naquele sofá branco, olhando o mar...
Seu personagem, sr, Pundoroso, uma empresário paulista extremamente conservador, vai com os filhos até o Guarujá e dá ordem para suas filhas vistam antiquíssimos maiôs. As filmagem acontecem exatamente em frente à “casa na pedra”.
Hoje ela está rodeada de grandes prédios, o que altera a topografia, mas não tira o seu charme e o toque vanguardista. Ela ainda mexe com minha imaginação e com a vontade passar uma tarde sentada naquele sofá branco, olhando o mar...
A história do Morro do Maluf
O Morro do
Maluf, localizado na Praia da Enseada, chama-se Morro da Campina e um dos
principais pontos de referência do Guarujá, separando as praias das
Pitangueiras e da Enseada.
A maioria das
pessoas associa-o ao fato de que o político Paulo Maluf seria o dono do morro,
mas não o é.
Sua história
aconteceu em meados da década de 30, quando o jogo era o principal atrativo da
cidade. Nesta época, Edmundo Maluf,
industrial em São Paulo, solteiro, que tinha casa na ladeira do morro e dava
festas memoráveis que agitavam os fins de semana do Guarujá.
Maluf sempre
que estava em Guarujá, armava uma tenda árabe no pico do morro. Todos pensavam
que ele fosse milionário, pois suas festas eram realmente de grande destaque.
Todavia, perdeu uma grande quantia de dinheiro no cassino do Grande Hotel, deixando
de frequentar assiduamente o Guarujá.
O que restou o restou foi o nome ao morro, que proporciona uma vista privilegiada e permite a prática de esportes como rapel, com uma descida de 45 metros.
O local também é o marco zero da cidade do Guarujá.
Os primeiros edifícios da orla da Praia de Pitangueiras
Após a inauguração da Via Anchieta, em
1947, as viagens entre São Paulo e o Guarujá se tornaram mais fáceis, o aumenta
o fluxo de pessoas na cidade.
Nos anos 40, o Guarujá continua a ser o
endereço de férias preferido das famílias tradicionais da sociedade paulistana.
Mas também passa a incorporar uma burguesia industrial que, graças à guerra que
impediu as importações, se consolidava como “a nova dona do dinheiro” na cidade
de São Paulo, que crescia em ritmo acelerado.
Foto 1
Esta elite da sociedade, estava ávida
por um espaço de lazer, o que abria espaço para a especulação imobiliária.
Atentos a estas tendências, havia empreendedores atentos às oportunidades.
Começam então a surgir os primeiros
edifícios de apartamentos na Praia de Pitangueiras, para aqueles que se
interessavam por ter uma residência de férias à beira-mar.
Ainda nos anos 40, foram construídos os
primeiros edifícios nesta praia. Surgem então os edifícios tradicionais que
ainda hoje preservam suas fachadas e todo glamour desta época, como o Edifício
Pitangueiras, e o Edifício Monduba.
O Edifício Pitangueiras foi construído
em 1942, por um engenheiro alemão e na época estava na categoria de
"arranha-céu", com 8 andares! Foi o primeiro prédio de grande porte
da orla e deu início ao crescimento imobiliário.
Foto 2
No ano seguinte foi construído o
Edifício Monduba, que a partir de 1951 passou a abrigar no andar térreo o
Restaurante Monduba, que ainda está aberto e é muito bem frequentado (chama-se
atualmente Tahiti Monduba) no andar térreo do edifício. No passado, foi palco
de almoços e jantares requintados, comandados pelos irmãos Guido e Bruno
Romanese, reunindo representantes de famílias de nomes que lembram a tradição
do mundo empresarial de São Paulo.
Foto 3
Em 1945 começou a construção do
tradicional “Edifício Sobre as Ondas”, em um terreno rochoso que separa as
praias de Astúrias e Pitangueiras – e onde antes estava o pequeno Hotel
Orlandi.
A partir dos anos 50 intensifica-se um
processo de verticalização acelerado no Guarujá, surgindo os prédios que hoje
caracterizam a Praia de Pitangueiras, um estilo de praia mais urbana, com seus
imponentes pilares na fachada.
Nesta década foi construído o Edifício
Flamingo, que conheço bem estar sempre lá e só descobri que foi finalizado em
1957 porque quando minha família foi reformar um dos banheiros, encontramos um
jornal que estava forrando o interior de uma banheira bem antiga e era “A Folha
da Manhã” deste ano, quando utilizaram para calçar os encanamentos.
Na praia de Astúrias, o primeiro foi o
Edifício Tendas, que reino solitário até os anos 70.
A partir de 1946, com a proibição do
jogo, o cassino deixara de ser atração. Não havia mais o famoso
"cutuca", jogo de cartas, semelhante ao pôquer, em que se perdiam ou ganhavam
verdadeiras fortunas. Em 1960, demoliu-se o Grande Hotel, que constaremos em
mais detalhe em outro post.
Aos poucos, os chalés que deram início
à Vila Balneária foram desaparecendo e hoje há apenas um, na esquina das ruas
Mário Ribeiro e Benjamin Constant, em precárias condições, testemunho vivo da
vila que há 90 anos deu origem a Guarujá.
Porém, além das construções voltadas
para o veraneio, o adensamento ocorre não apenas com os turistas, mas também
com novos moradores, como migrantes nordestinos que migraram para a ilha à
procura de emprego, se fixando na região do velho forte de Itapema, dando
origem ao distrito de Vicente de Carvalho, que agregou outros bairros e cresceu
a partir dos anos 80, com uma ocupação desordenada também nas áreas dos morros.
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